Bater ponto já é superado pelo home-office na maioria dos países Gazeta do Povo[29/07/2019] [18:52]
Modelo de jornada das 8h às 18h vem perdendo espaço com flexibilização do trabalho.
A digitalização e as constantes mudanças nas relações trabalhistas estão interferindo diretamente na estrutura das empresas. A possibilidade de exercer as atividades em horários e locais diferentes, que há uma década era rara e somente reservada para cargos de chefia, hoje está cada vez mais acessível. Um levantamento realizado com mais de 15 mil profissionais em 80 países pelo International Workplace Group (IWG), dono dos espaços de coworking Regus e Spaces, mostra que 62% das empresas no mundo estão em escritórios flexíveis. Segundo a pesquisa, que há 11 anos analisa mundialmente o uso dos espaços de trabalho, mais da metade dos colaboradores já trabalha fora das sedes de suas empresas por, pelo menos, três dias na semana.
Tiago Alves, CEO do IWG no Brasil, explica que não há uma exata definição para o conceito de flexibilização do ambiente de trabalho, mas que, em geral, se referem ao horário e local para desempenho das atividades. “Pode significar horários de trabalho alternativos, a possibilidade de estar em outros lugares que não só a sede da empresa, a presença de políticas e de inclusão dentro das corporações, entre outros conceitos”, destaca Alves, reforçando que, na pesquisa global, um quinto dos profissionais considerou flexível a escolha da carga horária e mais da metade, o local.
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No Brasil, de acordo com o estudo, 72% dos profissionais entrevistados consideram a flexibilização essencial em uma empresa e 67% afirmaram que têm essa opção em seus empregos. Outro dado relevante é que 76% dos brasileiros disseram que a flexibilidade poderia reduzir significativamente o tempo de deslocamento para ir e voltar do trabalho.
Aposentadoria da jornada em horário comercial?
O modelo 8h às 18h ainda é muito usado, contudo, é cada vez mais comum que uma rotina mais maleável faça parte da vida de todos os funcionários, e não apenas de gestores. Este é o caso da controller Juliana Monteiro. Ela gerencia uma equipe de 26 pessoas em uma empresa de tecnologia na Grande Curitiba que oferece a opção de home office e horários alternativos aos seus funcionários. “Desde que a empresa saiu do Centro, a prática acabou ficando mais comum”, conta a gestora, explicando que a autorização depende da atividade, já que algumas exigem presença no escritório ou fábrica.
Para ela, a melhor parte desta flexibilidade é usar o tempo que seria gasto em trânsito com outras atividades e conciliar a vida profissional com a pessoal no dia a dia com mais tranquilidade. “Para alguns funcionários é a possibilidade de buscar os filhos na escola ou almoçar em família. Por outro lado, outros preferem sair de casa justamente porque lá seriam muito solicitados e não conseguiriam se concentrar”, pondera Juliana.
As empresas de tecnologia costumam ter um olhar mais aberto para este tipo de modelo de trabalho, entretanto Tiago Alves, do International Workplace Group no Brasil, pontua que hoje em dia até mesmo bancos, advogados e profissionais autônomo de grandes corporações usam espaços como os coworkings.
Flexibilizações experimentais e franquias enxutas
Recentemente, a Unilever trouxe ao Brasil um modelo no qual duas diretoras de Recursos Humanos compartilharão o mesmo cargo e equipe, sendo que cada uma trabalhará apenas três dias por semana. Na experiência, elas passam dois dias no escritório, participando de reuniões presenciais e nos outros se revezam. “Nossa ideia foi recebida com entusiasmo em vez de ceticismo. O mundo está se transformando rápido e as grandes corporações precisam acompanhar o ritmo”, avalia uma das diretoras, Liana Fecarotta.
A transformação também já chegou às franquias. Em tempos de crise e com muitos funcionários demitidos querendo usar o valor recebido da rescisão para montar um negócio, as empresas se adequaram com propostas mais simples.
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Na rede Acquazero, de serviços automotivos e ecológicos, por exemplo, o franqueado presta os serviços onde for solicitado e, por não necessitar de instalações físicas, o valor de investimento é de R$10 mil. Para o diretor executivo da empresa, Henrique Mol, o desafio é fiscalizar se o trabalho foi bem feito.
“Como esse franqueado em home office tem muita autonomia, precisamos sempre estar atentos para que o padrão da marca continue o mesmo em qualquer região do país. Por esse motivo, temos uma equipe interna que os acompanha”.
No caso de uma franquia, as maiores vantagens do home office são justamente os baixos custos de acordo com Marcelo Salomão, diretor executivo da Gigatron Franchising. Porém, ele frisa que a disciplina é a chave para o negócio dar certo. “Não é porque a pessoa trabalha em casa que pode acordar a hora que quiser; precisa ter um ritual, uma rotina de trabalho. Outra coisa importante é ter um canto na casa só para o escritório, preferencialmente uma sala ou quarto exclusivo”, analisa ele, que tem 80% dos colaboradores internos trabalhando em home office."
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